Mi Fredy |
No Dia Mundial dos Animais,
um poema do Poeta Joaquim Pessoa:
Nada tenho contra o escaravelho
nem contra o cuco nem contra o grilo. Muito
menos tenho algo contra o ganso. Ou contra
o gato preto ou o malhado, ou a mosca, ou o morcego.
Não me queixei, e nem me queixo nunca
do caracol, do cão, do caranguejo,
da simpática borboleta, da andorinha, da alforreca,
da pequena víbora, da vaca, da ostra, da medusa.
Nem nada me move contra
o melro, o lobo, o lince e o falcão.
Ao lagarto, ao corvo e à pega não quero mal.
Nem ao pardal nem ao hipopótamo.
Muito menos à pequeníssima libélula.
Acho mesmo simpática a galinha.
E muito simpática a gaivota.
Confesso até, com satisfação, que adoro a águia
e que tenho preferência pela abelha.
A cegonha, o cavalo, o cisne e a cigarra
são-me tão agradáveis como o coelho, o pato, a cotovia.
Não me intimidam nem o tigre nem a cobra,
não me assustam a cheeta, a onça, o leopardo
e não me apavora o crocodilo. Mas
Deus me livre desse animal
que existe em ti.
Joaquim Pessoa
*
in ANO COMUM
(2.ª Ed. a lançar por Edições Esgotadas no dia 15/10 na
Livraria LeYa/Bucholz, em Lisboa). Apresentação de Tere-
sa Sá Couto, autora do Posfácio. A Introdução à obra é do
Poeta, Prof. Univ. e crítico literário americano, Robert Simon.
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